“Não consegui aquela promoção”, “meu salário
não é justo”, “preferia estar em outra área”. É só olhar ao redor e fazer uma
conta de cabeça: quantos amigos você tem que estão realmente felizes com seus
trabalhos e quantos vivem repetindo reclamações, como as do início desta
reportagem?
Um dos principais motivos,
apontam os especialistas em carreira, é a falta de planejamento. Como muitas
empresas, as pessoas deixam o planejamento para depois e vão tocando suas
vidas. O resultado é que elas acabam desenvolvendo uma carreira com uma lista
de diferentes empregos, em vez de criarem um plano de carreira.
“Há uma
frase antiga que diz: se você não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.
Senão, pode escolher seu próprio caminho”, diz Eliana Dutra,
diretora-executiva da Pro-Fit Coaching.
É interessante saber suas
habilidades, talentos e aonde chegar com eles, sugere a coach. A solução pode
ser mais simples do que se imagina. Pergunte aos amigos seus talentos,
fraquezas e vulnerabilidades. Pedir feedback ao chefe e aos colegas, é outra
boa forma de conseguir autoconhecimento.
O livro “Descubra Seus Pontos
Fortes”, de Marcus Buckingham e Donald O. Clifton, é baseado em pesquisas
feitas pelo Instituto Gallup com mais de 2 milhões de pessoas e ajuda a
desenvolver competências. Outras ferramentas, como o próprio coaching e a terapia
são outras opções.
Passo a
passo
Para Van
Marchetti, diretora da Attitude Plan, é preciso parar de culpar a falta de
tempo, sentar e montar um plano de ação. “Se existe tempo para o happy hour,
existe tempo pra isso”, diz. Algumas dicas da palestrante, especialista em
carreiras, ajudam.
- Pense no cargo que ocupa no
momento. Liste o que esse cargo exige e o que poderia fazer mais. Pergunte-se:
Estou entregando algo a mais antes de cobrar um reconhecimento?
- Pegue uma folha e faça uma
relação com o que faz de melhor tecnicamente e quais suas habilidades
comportamentais (vale aquelas que você já percebeu ou as que apontaram);
- Em outro quadrante coloque o
que sabe que precisa superar e melhorar. Observe: o que mais critica talvez
seja o que mais precisa melhorar em você mesmo;
- Calcule seu valor de mercado,
que é o conjunto das competências técnicas e comportamentais. Compare a média
salarial da vaga que está almejando com o seu salário atual. Avaliando o
quadrante inicial (a lista de qualificações do cargo que deseja), é possível
saber o quanto está próximo ou distante. Essa é uma ferramenta importante até
para pedir um aumento de salário;
- Listadas as habilidades, é
preciso desenvolver ações para alcançar os diferenciais necessários. Não
precisa ser um MBA, podem ser leituras simples, leitura de artigos etc;
“As pessoas ainda escrevem
muito errado. Até mesmo em cargos de liderança. A leitura faz com que a pessoa
escreva melhor e desenvolva o raciocínio”, afirma Van. “O primeiro passo é
reconhecer o que precisa melhorar, depois aceitar e, então, começar o
movimento.”
Armadilhas
no caminho
É comum aceitar propostas de
trabalho sem ter a visão se elas estão alinhadas ao que se deseja (ao plano de
carreira), às aspirações ou vocações. Como não ceder à tentação? Na opinião de
Van, é importante que o profissional defina o que faz melhor e o que gosta de
fazer. É preciso fazer uma escolha. “Nem adianta criar expectativa com uma vaga
que não é exatamente aquilo que gostaria de fazer.”
Quem tem uma lista de empregos
que mais parece uma colcha de retalhos, dificilmente será bem visto por
potenciais empregadores. Na área de TI ou em áreas mais técnicas isso é mais
aceitável. Mas na maioria dos segmentos, para atingir cargos de liderança e de
gestão, é essencial ter cases no currículo, avisa a especialista.
Se o plano de carreira não
funcionou até aqui, faça uma boa edição do currículo, de maneira a indicar o
caminho escolhido. Segundo a coach, o cargo deve ser específico e a área,
ampla. Navegar em vagas oferecidas e entender o que empresas estão procurando
ajuda na hora da edição.
“As pessoas se queixam que não
têm dinheiro ou tempo. Financeiramente, às vezes dá pra abrir mão de algum
entretenimento. No mais, faz meia hora de almoço e investe o resto nisso”, diz
Van. “Quando a gente tem uma meta, tem que estar firme nela.”
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